Coffea arabica é um arbusto que pode atingir até 3 ou 4m, com ramos espalhados e grandes folhas lanceoladas, ligeiramente gofradas,de um belo verde brilhante; as flores, pequenas e em estrela, são brancas; os frutos carnudos, verdes, mais tarde vermelhos, contêm, cada um, dois grãos geminados, os grãos de café.
Por volta do ano mil, o uso do café invadiu a Arábia onde o cultivaram na região de Moka no Iêmen, depois no Egito e na Pérsia. No entanto, ele não era ainda muito popular nos séculos XII e XIII, pois os cruzados não o conheciam e somente no século XVII é que o Ocidente teve ciência dele graças aos mercadores árabes. O café apareceu em 1615 em Veneza, em 1616 em Londres, em 1644 em Marselha onde foi aberto em 1654 o primeiro "café", "casa de reunião"onde os comerciantes marselheses falavam de negócios, bebendo café.Em 1664, pela primeira vez beberam café em Versalhes; o rei não apreciava muito aquela beberagem amarga e só o tomava raramente. Foi preciso um acontecimento exótico para que o café ficasse na moda. Em 1669, chegou a Paris Soliman Aga, enviado do sultão junto a Luís XIV, cujos hábitos atiçaram a curiosidade dos parisienses. O embaixador fazia uso regular do café e todos se apressaram a imitá-lo.Três anos mais tarde, na Feira Saint-Germain, um armênio chamado Pascal instalou uma loja onde só se vendia café. Foi um triunfo. Em 1702, Procope abriu um estabelecimento luxuoso que ainda existe, iluminado com lustres, ornado de espelhos e tapeçarias, com mesas de mármore. A boa sociedade, que não podia decentemente freqüentar as tabernas mal-afamadas, apreciou muito essa novidade, e o"Procope" tornou-se um lugar de encontros muito freqüentado, especialmente pelos escritores. Mas certamente não apreciaríamos o café como era preparado na época de Luís XIV, pois era cozido. A infusão de café só foi conhecida mais tarde, no decorrer do século XVIII. Somente então o uso do café preto após as refeições e o do café com leite pela manhã passaram a fazer parte da vida diária.A demanda crescente provocou a expansão da cultura cafeeira pelo mundo, além da utilização de novas espécies:Coffea liberica, da Libéria e Coffea robusta
do Congo, plantas certamente vigorosas, porém menos aromáticas e ainda hoje o café da Arábia continua sendo o mais apreciado. Foi exatamente este que os holandeses introduziram no Sri Lanka em 1699, depois em Java. O Ceilão permaneceu um dos principais produtores de café até o dia em que, em 1869, um cogumelo parasita destruiu suas culturas; o café foi então substituído pelo chá, com o êxito que sabemos. De Java, os holandeses transportaram o cafeeiro para sua colônia do Suriname, na América do Sul, onde a praga o poupou; do Suriname o cafeeiro passou para o Brasil que com ele fez fortuna.Quanto aos franceses, eles plantaram o café na Martinica e na Ilha da Réunion. O café de Balzac, que ele tinha o cuidado de comprar pessoalmente, era uma mistura bem dosada de "moka" da Arábia, de "martinica" e de "bourbon", isto é, proveniente da ilha Bourbon, atual Réunion.Desse modo, um modesto legume etiópico tornou-se pouco a pouco uma droga que o universo não pode dispensar.Fonte: As Plantas e sua magia, de Jacques Brosse
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